Gamificação e Acessibilidade: Os Desafios dos Jogos Eletrônicos para Pessoas com Deficiência
- Apoena Kûara
- 5 de abr.
- 3 min de leitura
Os videogames fazem parte da vida de milhões de pessoas, proporcionando diversão, desafios e interação social. Mas e quando jogar se torna uma barreira?
Para muitos jogadores com deficiência, a experiência pode ser frustrante devido à falta de recursos acessíveis. Sem controles adaptáveis, legendas precisas e opções de navegação inclusivas, muitos acabam excluídos de um universo que deveria ser para todos.

A indústria dos games já começou a perceber a importância da acessibilidade, mas ainda há um longo caminho pela frente.
Enquanto algumas empresas investem em ferramentas que tornam os jogos mais inclusivos, outras ainda ignoram essa necessidade, deixando de atender uma parte significativa do público.
Barreiras de Acessibilidade nos Jogos
Embora o mercado de jogos tenha avançado, diversas barreiras ainda limitam a experiência de jogadores com deficiência. Interfaces não adaptadas para leitores de tela, comandos complexos sem opção de personalização, e falta de recursos auditivos para jogadores surdos ou com deficiência auditiva são alguns exemplos. Outro ponto crítico é a dependência de feedbacks visuais em jogos, o que pode excluir pessoas cegas ou com baixa visão.
Além disso, o mercado de eSports, que cresce exponencialmente, ainda apresenta desafios para a inclusão. Muitos torneios e plataformas de competição não oferecem suporte adequado para jogadores com deficiência, limitando suas oportunidades de participar de competições em igualdade de condições.
Jogos que se Destacam pela Acessibilidade
Felizmente, algumas empresas têm trabalhado para tornar seus jogos mais acessíveis. Aqui estão alguns exemplos que mostram como a inclusão está sendo implementada na indústria:
1. The Last of Us Part II Esse jogo da Naughty Dog é um dos mais completos em termos de acessibilidade. Com mais de 60 configurações para jogadores com deficiência visual, auditiva e motora, ele oferece:

Audiodescrição para elementos visuais;
Alto contraste para facilitar a identificação de personagens e objetos;
Personalização completa dos controles;
Ajustes de dificuldade para atender diferentes perfis de jogadores.
2. Minecraft O popular jogo de construção também se destaca com:

Narração de menus e chat para auxiliar jogadores com deficiência visual;
Opções de navegação adaptáveis a diferentes dispositivos e necessidades;
Ajustes para daltônicos e personalização da interface.
3. Overcooked: All You Can Eat Esta versão da franquia traz:
Texto adaptado para dislexia;
Interface ajustável para diferentes necessidades visuais;
Modos de assistência para facilitar o ritmo do jogo.
4. Celeste Um jogo de plataforma que introduziu o Modo de Assistência, permitindo ajustes na velocidade do jogo, ativação de invencibilidade e opção de pular seções desafiadoras.

5. Sea of Thieves Este jogo multiplayer inclui:
Modos daltônicos com ajustes de cores;
Conversão de texto em fala e vice-versa;
Customização de controles para adaptação individual.
Jogadores com Deficiência que Ganharam Destaque
Apesar das dificuldades, muitos jogadores com deficiência têm conquistado espaço na indústria dos games e eSports. Aqui estão dois exemplos notáveis:

1. Steven Spohn é um ativista da acessibilidade nos jogos e Diretor de Operações da AbleGamers, uma organização sem fins lucrativos que luta por mais acessibilidade na indústria dos games. Ele também é um gamer influente e palestrante, tendo colaborado com desenvolvedoras para melhorar opções de acessibilidade nos jogos.
2. Rocky Stoutenburgh (RockyNoHands) é um gamer tetraplégico que joga usando apenas a boca com um controle especial chamado QuadStick.

Ele se tornou um streamer popular na Twitch e bateu recordes no Fortnite e Call of Duty Warzone, provando que jogadores com deficiência podem competir em alto nível.
O Caminho para uma Indústria Mais Inclusiva
A presença de opções de acessibilidade nos jogos ainda não é um padrão universal. Muitas produções ainda não oferecem suporte adequado para jogadores com deficiência, tornando a experiência desigual. A implementação de tecnologias como inteligência artificial, reconhecimento de voz e controles adaptáveis pode ser um grande passo para tornar os jogos realmente acessíveis.
A indústria tem avançado, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Garantir que todas as pessoas tenham acesso pleno aos jogos não é apenas uma questão de inclusão, mas também de justiça e representatividade no mundo digital.
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